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Taxa de juros do rotativo do cartão de crédito atinge 432,3% ao ano em julho: entenda o impacto no bolso do consumidor

    Em julho de 2024, a taxa de juros do crédito rotativo do cartão de crédito atingiu impressionantes 432,3% ao ano, conforme dados divulgados pelo Banco Central (BC). Esse número chama a atenção pela sua magnitude e pelo impacto direto no bolso dos consumidores que utilizam essa modalidade de crédito. Apesar de representar uma ligeira queda de 9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023, quando a taxa era de 441,3%, ainda é uma das mais altas do mercado financeiro. Mas o que isso significa para o consumidor e por que essa taxa é tão elevada? Vamos explorar em detalhes o que está por trás desses números, quais são as alternativas e como evitar cair nas armadilhas do crédito rotativo.

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    O que é o crédito rotativo?

    O crédito rotativo é ativado quando o consumidor não consegue pagar o valor integral da fatura do cartão de crédito dentro do prazo estipulado. Nesse caso, a instituição financeira permite o pagamento mínimo da fatura e o saldo devedor é transferido para o mês seguinte, incidindo sobre ele a taxa de juros rotativos, que é uma das mais altas do mercado. Embora pareça uma solução temporária para aliviar o bolso em momentos de aperto financeiro, essa modalidade de crédito pode transformar uma dívida pequena em uma bola de neve difícil de controlar.

    A partir de 2017, o Banco Central estabeleceu regras para tentar reduzir os impactos negativos do crédito rotativo. A principal delas é que, após 30 dias no rotativo, a dívida deve ser parcelada com juros menores, mais acessíveis ao consumidor. Ainda assim, o simples fato de entrar no rotativo pode ser extremamente prejudicial, já que os juros aplicados nesse período inicial continuam extremamente elevados.

    A queda da taxa média de juros

    Em julho de 2024, além do crédito rotativo, outros tipos de crédito também apresentaram taxas de juros elevadas, mas algumas delas com leve recuo. A taxa média de juros cobrada de pessoas físicas no crédito livre caiu para 51,2% ao ano, o que representa uma redução de 0,5 ponto percentual em comparação ao mês anterior e uma queda significativa em relação a julho de 2023, quando a taxa era de 58,3%.

    Esse cenário reflete um esforço do mercado financeiro e das autoridades monetárias em ajustar as taxas de juros, principalmente em meio a um contexto econômico de recuperação e desafios para manter o equilíbrio da inflação e do crédito. No entanto, essa queda, embora positiva, ainda não é suficiente para aliviar a situação de quem depende de crédito com frequência.

    Crédito parcelado no cartão: uma alternativa menos agressiva

    Para aqueles que precisam de crédito, o parcelamento da fatura do cartão de crédito surge como uma alternativa menos onerosa em comparação ao rotativo. Em julho de 2024, a taxa média de juros do cartão de crédito parcelado ficou em 178% ao ano, uma redução significativa de 20,3 pontos percentuais em relação a julho de 2023, quando a taxa era de 198,2%.

    Embora essa modalidade de crédito ainda apresente juros elevados, é muito mais vantajosa do que o rotativo. Isso ocorre porque, ao optar pelo parcelamento da dívida, o consumidor consegue acessar condições mais favoráveis de pagamento, com prazos estendidos e menor pressão financeira imediata.

    A inadimplência continua estável

    Outro dado importante apontado pelo Banco Central é o comportamento da inadimplência no Brasil. Em julho de 2024, 5,5% das pessoas físicas estavam inadimplentes, ou seja, com dívidas em atraso superiores a 90 dias. Esse percentual tem se mantido estável desde o início do ano, mas ainda preocupa, já que a inadimplência afeta tanto o consumidor, que pode enfrentar dificuldades ainda maiores para conseguir crédito no futuro, quanto o sistema financeiro, que precisa lidar com o aumento do risco de calote.

    No caso das pessoas jurídicas, o percentual de inadimplentes ficou em 2,9%, o que representa uma leve melhora em relação ao mês anterior. Ainda assim, a inadimplência entre as empresas é uma preocupação constante, especialmente em momentos de oscilações econômicas.

    Outras modalidades de crédito: cheque especial e consignado

    Além do crédito rotativo e parcelado no cartão de crédito, outras modalidades de crédito também apresentam taxas de juros elevadas, como o cheque especial. Em julho de 2024, a taxa média cobrada no cheque especial foi de 127,8% ao ano, uma queda de 3,5 pontos percentuais em relação a junho, quando a taxa era de 131,3%. Comparado a julho de 2023, houve uma redução ainda maior, uma vez que a taxa era de 132% naquele período.

    No caso do crédito consignado, a situação é mais favorável. Como essa modalidade de empréstimo tem como garantia o desconto direto na folha de pagamento, os juros são bem menores. Em julho de 2024, a taxa média do crédito consignado estava em 23,2% ao ano, permanecendo estável desde maio. Já o crédito pessoal não consignado apresentava uma taxa de 89,5% ao ano, uma alta de 1,9 ponto percentual em relação ao mês anterior.

    Como evitar o uso do crédito rotativo?

    Diante de taxas de juros tão elevadas, a recomendação dos especialistas é evitar ao máximo o uso do crédito rotativo. Algumas dicas podem ajudar a manter as finanças em ordem e fugir dessa armadilha:

    Planejamento financeiro: Organize suas finanças para pagar o valor total da fatura do cartão de crédito todos os meses. Isso evitará a necessidade de recorrer ao rotativo.

    Use o cartão de crédito com moderação: O cartão de crédito pode ser uma ferramenta útil, mas se usado de forma descontrolada, pode gerar dívidas difíceis de quitar.

    Prefira o parcelamento: Caso não seja possível pagar o valor integral da fatura, opte pelo parcelamento. Apesar de também incidir juros, as taxas são bem menores que as do rotativo.

    Renegocie suas dívidas: Se você já está no rotativo ou com dificuldades de pagamento, procure a instituição financeira para renegociar as condições. Muitas vezes, é possível obter um desconto ou melhores prazos para quitação.

    Conclusão

    As taxas de juros do crédito rotativo do cartão de crédito continuam extremamente altas, mesmo com pequenas quedas observadas em julho de 2024. Esse cenário reforça a importância de uma gestão financeira cuidadosa para evitar o acúmulo de dívidas e os impactos negativos dessas taxas no orçamento familiar. Optar por modalidades de crédito com juros mais baixos, como o parcelamento da fatura ou o crédito consignado, pode ser uma alternativa mais saudável para quem precisa de crédito.

    Pablo Nigro

    Pablo Nigro

    Especialista em crédito. Produtor de conteúdos digitais e redator web. Atua com produção de conteúdos sobre educação financeira e deseja levar seus conhecimentos práticos para mais pessoas e assim ajudá-las a lidar melhor com seu dinheiro.

    Publicado em: 7 de setembro de 2024